GESE no Desfazendo Gênero


O Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola estará participando do evento Desfazendo Gênero com a proposição de dois simpósios temáticos, são eles:

ESTRATÉGIAS, DISCURSOS E (DES)CONSTRUÇÕES: ESCOLA E MECANISMOS DE NORMALIZAÇÃO DOS SUJEITOS LGBT

Profª. Drª. Paula Regina Costa Ribeiro
Profª. Drª. Elenita Pinheiro Queiros Silva

Este Simpósio tem como objetivo oportunizar espaços de discussões e reflexões referentes às práticas e estratégias de normalização e controle social, que vêm atuando sobre aqueles sujeitos que no espaço escolar não correspondem às normas estabelecidas socialmente, ou seja, aqueles/as que desobedecem a referência “padrão”. Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e outras tantas formas de ser e estar no mundo são tidas como “inoportunas”, “indesejadas” e por isso sobre esses modos são exercidas estratégias de vigilância e exame para trazer a normalidade a esses corpos “desviantes”.

Nesse sentido, pretende-se, com esse simpósio, também problematizar como a instituição escolar participa na produção de posições-de-sujeito e como estas posições são inscritas em produção de saberes. Além disso, propomos um debate sobre como se produzem as relações escolares, enfatizando igualmente suas intersecções com questões de classe, de raça e de geração. A escola moderna vem mobilizando a política da identidade e o discurso da igualdade, reiterando as posições e estabilizando certezas e verdades sobre as sexualidades e os gêneros. Ela tem participado do jogo de instituição e demarcação do normal e da normalidade. Problematizar o quanto os corpos dos/as alunos/as, que se produzem com outras subjetividades, que não as tão caras à homogeneização moderna, acabam tornando-se os/as anormais.

Assim, conhecer quem são e como foram produzidos os ditos anormais pelas práticas pedagógicas e pela instituição escolar, possibilita problematizarmos o deslocamento e o descentramento de verdades e modos de pensamento hegemônicos. No simpósio, temos como proposta discutir as questões relacionadas à produção desses sujeitos no espaço escolar tecendo alguns diálogos com base nas contribuições de Michel Foucault, nas teorizações que escapam aos binarismos e categorizações das sexualidades e dos gêneros a partir de Judith Butler, Richard Misckolci e de estudiosas/os que entrelaçam tais teorizações com o campo da educação, tais como: Guacira Louro, Paula Ribeiro, Claudia Ribeiro, Anderson Ferrari, entre outros/as. Destacamos que a nossa proposta visa pensarmos o currículo escolar a partir de uma “pedagogia da diferença”, ou seja, problematizarmos a afirmação e o respeito à diferença na escola.

O silenciamento dessas questões no contexto escolar é uma forma de legitimar algumas identidades, afirmando a heterossexualidade como a norma, marginalizando outras. Acreditamos que ao desconstruir algumas metanarrativas presentes na escola sobre os corpos, os gêneros e as sexualidades temos a possibilidade de construir uma agenda que busque discutir as temáticas de diversidade sexual, gênero, sexismo, homofobia entre tantas outras que não são entendidas como parte do currículo escolar.

DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO NOS ESPAÇOS EDUCATIVOS

Profa. Dra. Raquel Pereira Quadrado
Profa. Dra. Dulce Mari da Silva Voss

Este Simpósio Temático tem como objetivo oportunizar espaços de discussões e reflexões acerca de pesquisas e experiências envolvendo as temáticas de diversidade sexual e de gênero – pensadas, aqui, como construções culturais, sociais e políticas – nos espaços educativos.

Estamos entendendo os espaços educativos como as diversas instituições e instâncias sociais – como a escola, a universidade, a família, as diversas mídias, a religião, entre outras – que (re)produzem e fazem circular significados sobre os gêneros e as sexualidades, instituindo regimes de verdade, ensinando modos de ser e atuando na constituição dos sujeitos.

Pretende-se, também, promover debates sobre como se produzem os marcadores identitários – símbolos culturais que se inscrevem nos corpos e servem para ordenar, classificar, agrupar e diferenciar, marcando e instituindo os lugares sociais dos sujeitos –, especialmente os sexuais e os de gênero, considerando, também, o seu entrelaçamento com marcadores de classe, étnico-raciais e geracionais.

Entendemos que é no campo social que se constroem e reproduzem-se as relações entre os sujeitos e, neste sentido, as justificativas para as desigualdades entre homens e mulheres e para a demarcação da heterossexualidade como a forma legítima de viver a sexualidade devem ser buscadas na história, na estrutura social, nas políticas públicas, nas condições de acesso aos recursos da sociedade, nas formas com que as masculinidades, as feminilidades e os modos de viver a sexualidade são (re)significadas.

Vivemos num tempo em que a diversidade vem ganhando cada vez mais visibilidade e em que inúmeras políticas públicas têm sido criadas a fim de tornar a sociedade e as instâncias educativas "mais tolerantes e justas". Contudo, esses processos de institucionalização e regulamentação da diversidade tornam as práticas pedagógicas e educativas prescritivas e normalizadoras, ao passo que interpelam os sujeitos a se identificarem, autonominarem, fazendo uso de estratégias e práticas de confissão que acabam por governar as condutas humanas.

Assim, além de propor a socialização das práticas pedagógicas e educativas desenvolvidas para dar visibilidade à diversidade sexual e de gênero, propomos o debate dos modos pelos quais essas práticas e discursos se constituem, os regimes de verdade que se estabelecem e de que modo passam a governar as condutas.

As inscrições para as comunicações orais que pretendem ser apresentadas nos Simpósios Temáticos são de 1º a 30 de abril de 2015, com o envio, inicialmente de resumos expandidos.

Para maiores informações acessem o site:
http://www.desfazendogenero.ufba.br/