Nos últimos trintas anos, pesquisas relativas a diversos campos do saber, como da educação, antropologia, sociologia, saúde coletiva, psicologia entre outras, têm focalizado os estudos sobre homens e masculinidades. Esse debate se intensificou na sociedade contemporânea, sobretudo a problemática sobre a desconstrução do que vem sendo convencionalmente chamado de “masculinidade tóxica”. Por meio dos estudos intersecionais, caminhamos para o entendimento de que as linhas de poder e de opressão são múltiplas e que não se pode compreender as masculinidades sem levar em consideração seus atravessamentos relativos às identificações de classe social, raça, orientação sexual, território e idade, como também as transmasculinidades e as masculinidades femininas. No dossiê intitulado Masculinidades nos espaços-tempos educacionais, nos interessa pensar em que medida os processos formativos escolares e não escolares, participam da circulação dos sentidos atribuídos às masculinidades na contemporaneidade. Destacamos que, no campo da educação, as pesquisas sobre masculinidades se encontram em desenvolvimento e em busca de consolidação na sua vasta produção acadêmica sobre gênero e sexualidade. Suas interlocuções têm buscado diálogo com as vertentes teóricas críticas e pós-críticas, problematizando a multiplicidade de sentidos atribuídos ao masculino nas instituições educacionais, nos cotidianos escolares, nas práticas pedagógicas, nas políticas públicas de educação, nas pedagogias culturais, além do próprio atravessamento das tecnologias digitais em rede na constituição de diferentes saberes-poderes. Assim sendo, o presente número da revista almeja reunir trabalhos que analisem e problematizem a produção social, histórica, política e cultural dos estudos sobre homens e masculinidades no campo da educação, por meio de contribuições que dialoguem com as perspectivas epistemológicas críticas, pós-estruturalistas, pós-coloniais e decoloniais.

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